Não sei. Não me lembro.
A memória não enreda vultos,
Milénios domados pelo esquecimento,
Histórias anteriores a toda a História.
Mas, por vezes, imagino células do tempo
Que se agrupam em dias
E os dias são a primeira coisa criada,
A primeira resposta ao não haver nada,
Nem sequer o silêncio das existências.
E os dias começam os trabalhos.
Da luz líquida nascem as águas;
Da luz opaca, opressiva, a terra;
Da luz incandescente, o fogo;
Das estradas da luz, o ar;
E os trabalhos vão-se fundindo,
Povoando os dias.
Talvez tenha sido assim. Não sei. Não me lembro.
Existiremos, quando o nosso início
Mais não é do que figuras de sonho?
Nuno Rocha Morais
(Poemas dos dias - 2022)
Este foi o poema de base da apresentação do livro Poemas dos Dias feita por Rui Santiago - "Cosmogonia"
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