quinta-feira, 10 de novembro de 2022

 

Misturam-se os corpos, não se misturam as vidas.

Sente-se em cada corpo 

A tensão dos segredos,

A resistência das ânsias

Que, lucífugas, se refugiam

Na superior distância da inexpressividade,

Um autismo urbano.

 

O corpo a corpo da indiferença,

A força que atrai cada um 

Para dentro do seu próprio mundo.

 

Um homem carregado de embrulhos

Risonhos em cores berrantes;

Uma mulher que espreita a aranha de um relógio;

 

Cada um enfrenta sozinho a sua vida

Sem descobrir gente dentro dos corpos

Que o rodeiam;

Ninguém olha cada pessoa como merece

Quem olha as pessoas?


Nuno Rocha Morais

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