quarta-feira, 1 de junho de 2022

Cancioneiro


Deixa-te ouvir cada palavra,

Deixa cada palavra ver-te ouvi-la

Até que confie em ti

E te deixe segui-la no seu silêncio.

Segue-a, pois em silêncio,

Numa atenção desatenta,

Esquecida de si própria

E, porém, rapace.

Conhece o silêncio de cada palavra

Para a poderes perseguir, seduzi-la,

Sabe como convocá-la sem a dispersar.

Mas podes buscá-la ainda

Nas suas zonas de iluminação pobre,

Afastadas de um centro radiante,

Talvez aí a encontres.

Não precisa de ser impoluta

O verso é um efeito

Da pureza por artifício.

 

As primeiras falhas de um lirismo,

A primeira máscara arrancada

A um rosto assustado. 

 

Nuno Rocha Morais


Sem comentários:

Enviar um comentário

Não quer nada cada um dos meus versos Às vezes, alíseos, Outras, fantasiosas paisagens, Outras ainda resumos de pedras. Cada um dos meus ver...