Deixem-me ser homem,
No outro homem,
Pelo outro homem,
Deixem-me vencer este sangue monolítico,
O coração monocórdico,
Deixem-me ver mais além
Que os meus próprios olhos,
Construir mais alto
Que a pequenez dos meus braços,
Apontar outros barcos.
Deixem-me, vocês, aí,
Heras ou estátuas
Que detêm o meu choro e o meu riso,
Vocês, aí, que me decepam as mãos,
Me atulham a voz com palavras de porcelana,
Vocês, aí, que só sabem calar
E sabem ver morrer:
Deixem-me viver o meu peito como a página
De um dia claro.
Nuno Rocha Morais
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