Nunca foste tão feliz
Como aos dezassete anos
Da governação do teu corpo,
Tão feliz por não conheceres, dizes,
Amor nenhum
Excepto aquele com que te amavam.
Ninguém que a tua beleza não quisesse
Poderia existir no reino dos teus dezassete anos;
Os teus olhos bastavam para extinguir ou criar,
Nada do que fixavam se perdia
E era todo um mundo que os seguia,
Como se de um capricho deles dependesse
A luz, a neve, a aceleração de sóis,
O tecido leve das noites.
Aos dezassete anos, o riso dos amigos
É o melhor dos lugares conhecidos,
A única recompensa, a única família.
Nunca mais a alegria terá
dezassete anos,
Tão humana e tão leve
Na sua declaração de sóis,
Nos primeiros relances sobre a alma,
Terra ainda fácil, tão fácil,
Todas as almas dançáveis,
Todas querendo dentro de ti
Ser o teu corpo porque nunca assim se viveu
A festa de ser um corpo.
Nuno Rocha Morais
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