O ano incerto, abstruso –
A Primavera sistemática, completamente
Estrábica, os absurdos tufos da chuva no Inverno,
A arrogância e soberba dos Verões,
A reticência de Outonos imperceptíveis,
E os amantes chorosos, sem estação
Outra para caírem em leitos de folhas
E que acabam por foder em qualquer lado.
O que se pode esperar de um homem
Senão um homem e uma besta?
A incompetência de um espaço desastrado
Que se derrama em toda a parte e nunca chega,
E se estira e se estatela,
Para por fim revelar o seu rosto
E ser o tempo embuçado,
Um tempo que, por fatigada
Mas sempre vertiginosa velocidade,
Nunca chegou a passar
E nunca foi mais nada senão
Uma máscara do próprio espaço.
Nuno Rocha Morais
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