domingo, 22 de agosto de 2021

Chegada ao Novo Mundo

Lanço os dados da navegação

Para o centro das eras invioladas

O longe é o continente mais imenso

Albatrozes poucos nítidos

Informes suspiros de nuvens

Rasgam a sorte

Que tempo levantam que safra

Que destino?

É um oceano que me cega

É este ar imenso livre caverna

És tu que aí te escreves

Cuneiforme doçura

É para aí que a terra se concentra

Numa ilha num pais

É para aí chegar

Que atravesso o erro das estrelas

Apontando apenas as coordenadas de mais vazio

E para aí chegar que atravesso estas sombras

Heras eternas culpa da superstição

Venço-me para te vencer

Tu és toda a tenebra e tormenta

Todo o vácuo que ao dar-se tira

Tira o fôlego da alma

E assim que se começa a morrer

E as velas deixam cair a brancura

Atravesso toda a confusão da bússola

O norte o sul o este o oeste

Moram-me nas raízes dos músculos

Os meus braços são o vento a bonança

Só vencendo-me eu te posso vencer

Navego para a tua nascente

Leito da terra édito do sol

Penetro na louca mente abissal

Aventura dos teus olhos

E chego enfim à palavra do teu corpo

Todo o sal na boca

Desvelo a palavra do teu corpo

Novo Mundo

 

Nuno Rocha Morais

Sem comentários:

Enviar um comentário

Deram-nos uma liberdade de cravos Desenterrada dos mais sombrios tempos – Crónica da memória – Liberdade pisada, amarfanhada Nas profundezas...