Não há um monumento à estupidez.
E, no entanto, ela prolifera
Mas talvez apenas se erga em bronze
A perpetuação de abstracções.
Quanto às estátuas dos grandes homens,
Nada acrescentam à sua grandeza,
Talvez irrepetível e, por isso, assustadora
De que foram, muitas vezes, expropriados.
A sua presença nada dirá aos vindouros:
Será objecto de curiosidade para uns,
E para outros, cada vez mais numerosos,
Não representará nada
Senão uma figura esverdeada
Pela merda das pombas e pelo esquecimento,
Que já não merece o centro de uma praça ou jardim.
Mas estes monumentos, em bronze ou pedra,
Estátuas ou bustos,
Representam, tantas vezes, um brinde
À nossa própria estupidez, perpetuada;
Representam a estupidez de uma geração
Que não soube merecer a grandeza
Dos homens que em sorte lhes couberam.
– Não há um monumento à estupidez:
A sua linhagem prolonga-se,
A figuração de abstracções,
Sejam homens ou animais,
De valores de grandeza
Representam o temor
De que esses valores sejam irrepetíveis.
Nuno Rocha Morais
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