Se é a morte sob a minha pele,
Não me resta consolação outra
Senão pensar que estou a morrer
Satisfeito por ter vivido,
Por ter sido humano,
Por ter amado.
Se estou entregue a sinais
E um sentido inalterável me conduz
À consumação da sua vontade,
Resta-me pensar que nada me destece
E se a morte se consolida
E o céu endurece na ameaça da cerração
E se eu declino, mesmo que o sol
Não incline a sua cerviz
À vontade de um sentido,
Se a luz prossegue porque a treva
Nada depende de mim,
Fico satisfeito e não atendo
À escala de graves
Que fez latejar os seus punhos
Na minha garganta e têmporas.
Não servirei nenhum lamento,
Nenhuma escuridão me espera, servil.
Não ouço édito de expulsão.
Nuno Rocha Morais
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