domingo, 7 de fevereiro de 2021

 

 Dizem os físicos que o espaço-tempo é um bloco –

Que passado, presente e futuro estão já dispostos

Para entrarmos neles.

Como demonstração, um nome regressa do teu passado,

O nome que deste a noites felizes –

Uma inconfidência secreta,

Que te deixa secretamente nua

E a mim, ou por existir num limbo qualquer

Ou discretamente morto

Às mãos de um passado que não morre nunca,

Mas nos ronda, rapace,

Farejando já a carcaça futura

Na carne ferida, de tão presente.

Um nome que ondeia nos teus lábios

E lhes dá a forma de um mar longínquo,

Banhando uma praia invisível –

Ou um corpo.

[Um nome acaba por ser uma equação,

Uma fórmula, um mapa,

                   O sinal vedor sobre um lençol de água.]

 

Nuno Rocha Morais

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