Joseph Brodsky
Só pelos poetas se não chora com palavras
E não gostarias de uma elegia
Onde a tua morte corresse
Entre as margens de uma dor e um desamparo,
Balbuciantes, confusos,
Baba de velhos a quem tudo ultrapassa.
O verso é uma arquitectura insondável
Que esconde um leão —
É só o que, como elegia, te deixo,
A tua lição que talvez não tenha aprendido.
Não gostarias de uma elegia,
Sobretudo dessa em que te lembrassem
Que cada grão de areia desta realidade
É um exílio, uma distância imarcescível.
E esqueço a elegia,
Onde apenas se choram os vivos
E por quem a escreve.
E por quem a escreve.
Nuno Rocha Morais (Galeria)
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