segunda-feira, 28 de janeiro de 2019



De novo a chuva balbucia
Na figura da janela,
Som, som, som
E os nervos do trovão rebentam,
Som, som, som,
Amplos relâmpagos,
Luz, luz, luz.

Regressa também a minha dor,
Alheia a qualquer tempestade,
A dor da vida que não me pergunta nada,
Que não me pede nada,
Que quase parece ver-me como 
Miragem da matéria.

E, de súbito, uma ternura plana
Refreia o gume desta mágoa:
O meu lado da dor valerá a pena
Se inundar o teu de flores,
Se eu te puder esconder da dor.

Nuno Rocha Morais

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