sábado, 24 de novembro de 2018

Ainda bem que as crianças são subterrâneas,
Animando sombras e colorindo-as;
Ainda bem que nenhuma feição das crianças
É de pedra, trazendo dos rostos
A verdura das manhãs;
Ainda bem que nada nas crianças é real,
Ainda bem que as crianças não têm nome,
Tendo um nome comum, o da infância.
Ainda bem que as crianças são respirações
De planetas distantes,
Aparentemente impermeáveis à orbita de orvalho da vida,
Ainda bem que as crianças têm nos dedos
Todos os gestos possíveis.
E que dor imensa ver as crianças atiradas
Para o fluir ígneo da estrada.

Nuno Rocha Morais

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