Comprei jornais fechou,
Por extrema unção, os
vidros
Foram revestidos com
folhas
De jornais antigos,
mumificando
A velha tabacaria.
E fechou também a
pastelaria
Que deixei de
frequentar
E obscuramente entendo
Que, doravante e por
uns tempos,
Todo o açúcar me pareça
sórdido
E guarde um gosto de
remorso.
Os hábitos não custam a
deslaçar,
Parece quase indolor
que sejam
Substituídos por outros
Ou que se ambientem
noutros espaços.
Hoje comprei jornais
noutro lado
E, transversalmente,
ocorre-me
Que todas as religiões
estavam certas
E, que a luminescência
de um sorriso
É comungada por todos
os deuses
Em todas as aras e nos
núcleos
De todas as crenças.
A imortalidade
cumpriu-se
Em plástico, mercúrio,
pesticidas.
Nuno Rocha Morais
Sem comentários:
Enviar um comentário