domingo, 18 de setembro de 2016

 Quando parti, a minha mãe não me deu,
Como a mãe de d’Artagnan, esse unguento milagroso,
O bálsamo talvez levemente fétido,
Certamente inútil,
Produto de uma sabedoria
Que ganhou o ranço da ingenuidade.
Como d’Artagnan logo percebeu
Havia dores, feridas, que o bálsamo
Não podia compreender, muito menos mitigar.
O bálsamo que a minha mãe me deu
Vinha dentro de mim,
Esse que, em voz aflautada pela ironia,
Se designa por amor de mãe,
E a sua pureza muito podia
Contra os inúmeros Rocheforts do mundo.

Nuno Rocha Morais

1 comentário:

  1. Querida Eilsabete,
    ler a poesia do Nuno é sempre uma descoberta.
    ... aquela melancolia de fundo diluída em suave ironia e imensa ternura.

    Espero que esteja tudo bem com você.
    Aqui, a minha tradução e um forte abraço.
    **********

    Quando partii, mia madre non mi diede,
    Come la madre di d’Artagnan, quell’unguento miracoloso,
    Il balsamo forse lievemente maleodorante,
    Di certo inutile,
    Frutto d’una saggezza
    Impregnata del rancido dell’ingenuità.
    Come d’Artagnan capì subito
    C’erano dolori, ferite, che il balsamo
    Non poteva conoscere e tanto meno mitigare.
    Il balsamo che mia madre mi diede
    Entrava dentro di me,
    Quello che, con voce flautata d’ironia,
    Si definisce amor materno,
    E la sua purezza aveva grandi poteri
    Contro gli innumerevoli Rocheforts del mondo.

    ResponderEliminar

Onde estais versos magníficos, Cantos de fachada belíssima, Naves de silêncio imponente, Palavras que ultrapassam o tempo, Onde estais, que ...