sábado, 24 de outubro de 2015



Embora me quisesse prender a outros dias,
Nunca sair de lá, Houdini ao contrário –
Ficar é bem mais difícil
Do que conseguir sair.
Se virem a minha amiga Joana,
Digam-lhe, digam-lhe só, sei lá,
E se a virem, ela, bem colocada
Na literatura brasileira, interceda por mim
E peça, lá no empíreo, perdão a Vinícius
Pela barata imitação.
Se virem a minha amiga Joana,
Digam-lhe que na minha alma entraram
Muitos funerais, mas não falo da morte
E lhe ofereço um ramo de saudades,
Flores um tanto escuras;
Se virem a minha amiga Joana,
Digam-lhe que lhe sinto a falta
Digam-lhe que lamento, mas entendo e não entendo.
Se a virem, digam-lhe que me faz falta, enfim,
Um pouco da sua alma
E que não sou justo com outros amigos meus
Por lhe sentir a falta assim.
Se virem a minha amiga Joana,
Digam-lhe que isto vai, um dia de cada vez,
Às vezes mais, mas só por engano.
   
Nuno Rocha Morais

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