domingo, 4 de outubro de 2015












Aquelas luzes todas,
Aquele movimento confuso, larvar,
Aquelas paredes onde se encerra
Uma incerta meia-dúzia,
Ocupada com os seus instrumentos de precisão
Para a omnipresença e a omnisciência,
Aquela cidade justa é a humanidade.
À volta das paredes, não menos humanos
São os milhões de ilhas
Formadas por pessoas que se agarram
Enquanto morrem
Abandonam-se entre si,
São indiferentes a toda a indiferença
Que os rodeia, os das ilhas
E os da cidade.
Preferem a companhia das baratas,
O amor dos escorpiões,
A confiança devotada por serpentes.

     Nuno Rocha Morais

     

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