sábado, 10 de agosto de 2024

Espaço puro entre quatro paredes, 

Tempo ainda não começado:

Nada me liga ainda a esta casa,

Como rosto sem feições. 

Nada me liga a este silêncio, 

Ainda sem o peso de uma memória.

 

Tudo ainda sílabas estranhas,

De uma voz rígida, desconhecida.

Os objectos são os mesmos,

Mas outra posição, noutro lugar

Dá-lhes outra face, outra história:

Os objectos recomeçam-se

Do fundo de uma alma nova.

 

Também eu, aqui,

Me perco no meu desconhecimento:

A mão que escreve soa outra

E o seu gesto de escrever é nova tinta,

Recomeço-me.

 

Nuno Rocha Morais

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