Sórdida é a surdina sobre nós,
Sórdido é estarmos enterrados
Vivos a horas que são ratos.
Sórdidas são as vozes à nossa volta
Que de nada sabem
E a ironia de coincidências
Que conhecem tudo.
Sórdidas são as despedidas em público
Só de palavras insípidas,
Sórdido é nunca termos tempo,
Sórdido é o lodo
Onde tudo se desencontra e venda
E cerra os dentes, ensurdecido.
Sórdido é o desespero escondido,
Mas nada em nós é sórdido,
Nenhum amor é impuro
Na forma de se urdir.
Nuno Rocha Morais
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