domingo, 10 de dezembro de 2023

Da sordidez


Sórdida é a surdina sobre nós,

Sórdido é estarmos enterrados

Vivos a horas que são ratos.

Sórdidas são as vozes à nossa volta

Que de nada sabem

E a ironia de coincidências

Que conhecem tudo.

Sórdidas são as despedidas em público

Só de palavras insípidas,

Sórdido é nunca termos tempo,

Sórdido é o lodo

Onde tudo se desencontra e venda

E cerra os dentes, ensurdecido.

Sórdido é o desespero escondido,

Mas nada em nós é sórdido,

Nenhum amor é impuro

Na forma de se urdir. 


Nuno Rocha Morais

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