É a primeira imagem da nova Europa –
Assim lhe chamam, mas esteve sempre aqui –
Imolada, renascida.
Vytautas, Mindaugas, Barbora Radvilaitè –
A espada e a beleza, a astúcia e a graça.
Aqui, o Verão, mesmo o fim do Verão, é livre ainda,
Corre pela tarde que vem do sânscrito.
As torres acordam com a noite.
O céu esteve muito tempo enterrado,
Mas quando passamos pelas estátuas ao lusco-fusco,
É quase possível sentir a formação de um sorriso,
Como se dentro delas influísse ainda
A instilação de sangue e pó que vem no vento.
A terra bebeu os mortos até à última gota
E devolve-os agora no esplendor do Verão.
Os bosques só crescem nos países livres
E isto não precisa de verdade para ser verdadeiro.
O Inverno vai chegar, mas o Verão não tem medo
E, em Setembro, é ainda ouro, âmbar, espelhos.
Acabou a indiferença da arquitectura,
Agora sensível ao Verão e à luz,
Como será à neve e ao vento.
Uma cidade de pálpebras
Obstinadamente cerradas
Pela indiferença,
O horizonte cortado rente.
Nuno Rocha Morais
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