A luz anónima de uma tarde qualquer
Entra pelo vitral, afasta suavemente a penumbra
E ilumina o túmulo do poeta,
Num simbolismo demasiado evidente à primeira vista.
Mas a fotografia foi tirada por um dinamarquês
Turista que provavelmente
Não sabe sequer quem é Camões –
Ou se sabe, não autopsiou o segredo
Das correrias, dos amores venais e platónicos,
Das desilusões, da tença, da miséria, -
Serenidade, a justa recompensa
Para um corpo que não está sequer aqui,
No claustro das glórias.
Surpreendeu apenas, naquele canto despojado,
Uma eternidade alumbrada pelo próprio tempo
Que desceu com um instante da eternidade
No ínclito de uma tarde.
Nuno Rocha Morais
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