I
O sorriso insondável
Revelação sem evidência,
Se uma mulher feliz,
Se traída, se melancólica,
Se jubilante, se terna –
Nunca com tal intensidade
Um sorriso foi tão pouco:
Um sorriso para que nunca saibam
Quem fui, quem sou.
II
Sorrio-me talvez para vós,
Que me mirais
E estais mortos.
III
Atraiçoei a minha linhagem,
Entreguei-me nos braços de um amante vil –
Este estar aqui –
Por ódio, por ódio;
De ódio é este sorriso
E os olhos semicerrados.
IV
Ou a fadiga
De que nunca sabereis,
Convencional esposa
E mãe e trapo,
Por sorriso só esta fadiga
De que nunca sabereis.
V
Nada entreabre de mim
O sorriso que nem é meu,
Mas uma gentileza do pintor.
VI
E eu saberei
Tudo de vós,
Por isso sorrio.
Nuno Rocha Morais (Galeria)
Nada entreabre de mim
O sorriso que nem é meu,
Mas uma gentileza do pintor.
VI
E eu saberei
Tudo de vós,
Por isso sorrio.
Nuno Rocha Morais (Galeria)
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