sábado, 9 de novembro de 2019

Sorrisos para Mona Lisa


I
O sorriso insondável 

Revelação sem evidência,
Se uma mulher feliz,
Se traída, se melancólica,
Se jubilante, se terna –
Nunca com tal intensidade
Um sorriso foi tão pouco:
Um sorriso para que nunca saibam 

Quem fui, quem sou.

II
Sorrio-me talvez para vós, 

Que me mirais
E estais mortos.


III
Atraiçoei a minha linhagem,
Entreguei-me nos braços de um amante vil – 

Este estar aqui –
Por ódio, por ódio;
De ódio é este sorriso
E os olhos semicerrados.


IV
Ou a fadiga
De que nunca sabereis, 

Convencional esposa
E mãe e trapo,
Por sorriso só esta fadiga 

De que nunca sabereis.

V
Nada entreabre de mim
O sorriso que nem é meu, 

Mas uma gentileza do pintor.

VI
E eu saberei 

Tudo de vós, 
Por isso sorrio. 

Nuno Rocha Morais (Galeria)

Sem comentários:

Enviar um comentário

Não quer nada cada um dos meus versos Às vezes, alíseos, Outras, fantasiosas paisagens, Outras ainda resumos de pedras. Cada um dos meus ver...