domingo, 14 de outubro de 2018

O que vivo parece empenhado
Em destruir o que espero.
Mas alguma coisa espero
Para a minha morte,
Como uma espécie de riso
Final e póstumo:
Que ninguém sobre mim
Perturbe ervas daninhas
Ou, como elas, crianças
Que queiram vir brincar
Sobre e dentro do silêncio
Disposto sobre a minha morte.
Deixem-me ir com elas,
Dentro do meu riso –
É tudo o que espero,
Se além há uma vida,
Se além se pode esperar
Mais do que nesta.
E esse instante de riso
Não é pouco para a eternidade –
Nem menor quimera
Ou mais sábia loucura,
Perpétuo numa risada.

Nuno Rocha Morais

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