Não só quero a porta aberta,
Como abertas as janelas e a luz
E quero que lá venhas
Despertar-me o corpo
Da febre que nele se enrosca,
E não quero gente tecendo
Sussurros pressagos à minha volta:
Que falem alto, que se riam,
Que não haja um prenúncio de negro
Pesando-lhes nas feições.
E flores e água e roupas leves,
Mas, sobretudo, riso no tempo
Amplo, aberto,
A promessa de que o corpo
Se recomeçará puro,
A promessa de que o corpo
Alguma vez voltará à vida.
Nuno Rocha Morais
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