Cremação
Ei-lo, sem luto e sem tento:
O ar fresco da manhã
Chega junto do teu corpo,
Que agora devolve todos os seus instantes,
E não se sabe comportar,
Chega como quem fala alto.
Serás de cinza.
Um comboio passa, só rumor,
A chuva é cada vez mais violenta,
Mas a este silêncio apenas chega o ar da manhã,
Fresco, gárrulo.
A sua mão espalhará a sua morte
A um vento de mil mariposas,
Nascidas de uma alegria feita carne e pétalas,
Quase alegria.
A morte sem dolo e pestilência.
Sem comentários:
Enviar um comentário