A casa
As camas, a mesa, as
cadeiras,
Assim começamos a
insinuação
Na casa onde o vazio é
uma bruma.
Vamos aprendendo como a
luz inverte a sua rota,
De uma janela à outra
Para ser manhã ou crepúsculo.
Começamos a respeitar o
ritmo da casa,
A aceitar os diferentes
tempos e silêncios
Dos quartos, da
cozinha, da sala.
Depois chegam as coisas
vivas,
Como os livros, as
plantas, os quadros,
Os discos, as
fotografias,
O jogo de xadrez para a
mesinha:
Vão-se divisando os
tons de uma memória
Que a casa aceita como
sua
E nós entregar-lhe-emos
o sono e a confiança.
Só faltam as nossas
vozes e passos
Para definir o espaço
da casa que se deslaça.
Assim a casa começa a
respirar connosco,
Nossa, nítida.
Nossa, nítida.
Nuno Rocha Morais
O olhar do Poeta como fosse uma câmera lenta entre as paredes da sua casa...
ResponderEliminare, no mesmo instante em que o leitor lê os versos dele, entra ele mesmo nesse olhar e nessa casa:
o leitor entra no olhar do poeta e vê aquela casa como fosse a sua própria!
Da profundeza do silêncio interior forma-se aos poucos uma luz cada vez mais límpida:
e nós temos a sensação de estar alì, quando
“... a casa começa a respirar connosco, Nossa, nítida.”
O que mais dizer? Emocionante, Elisabete!
Um grande abraço carinhoso, Manuela
La casa
I letti, il tavolo, le sedie,
Cuscini, lenzuola, tende, tappeti –
Cominciamo così ad insinuarci
Nella casa ove il vuoto è una bruma.
Iniziamo ad apprendere come la luce inverte la sua rotta,
Da una finestra all’altra
Per farsi mattino o crepuscolo.
Cominciamo a rispettare il ritmo della casa,
Ad accettare i differenti tempi e silenzi
Delle stanze, della cucina, della sala.
Poi arrivano le cose vive,
Come i libri, le piante, i quadri,
I dischi, le fotografie,
Il gioco di scacchi sul tavolino:
Si vengono a delineare i toni d’una memoria
Che la casa accetta come sua
E noi le concederemo il sonno e la fiducia.
Mancano solo le nostre voci e i passi
Per definire lo spazio della casa che si dispiega.
Così la casa comincia a respirare con noi,
Nostra, nitida.