O
mundo que invade
A
noite da casa,
Compondo-se,
traço a traço:
O
cheiro do café,
O
cheiro aveludado da fruta
Quando
se entra na sala,
Cheiro
macio como se pele,
A
luz que se vai rasgando
E
quanto mais se rasga,
Mais
se tece,
Os
pássaros pelas pautas da manhã –
O
mundo num incêndio de ritos.
No
entanto, eu espero outro mundo,
Um
mundo perdido, submerso
Na
ausência dessa mulher
Que
jamais poderia ter ficado aqui.
Mas
eu espero-a,
Faço
do silêncio uma profecia,
Uma
curva pela qual ela virá,
Uma
maré que atravessou luas
E,
onda a onda, aporta na praia.
Nuno Rocha Morais
Cara Elisabete,
ResponderEliminarQuando me faltam palavras para comentar, eu guardo o silêncio dessa preciosa leitura no recôndito do meu coração... e traduzo. Espero que você esteja bem e desejo-lhe as maiores felicidades. Grande abraço
Il cerimoniale del mattino
Il cerimoniale del mattino,
Il mondo che invade
La notte della casa,
Ricreandosi, traccia a traccia:
Il profumo del caffè,
Il profumo vellutato della frutta
Quando si entra in sala,
Profumo morbido come di pelle,
La luce che si va espandendo
E quanto più s’espande,
Più s’addensa,
Gli uccelli sul pentagramma del mattino –
Il mondo in un incendio di riti.
Nel contempo, io aspetto un altro mondo,
Un mondo perduto, sommerso
Nell’assenza di quella donna
Che mai sarebbe potuta restare qui.
Ma io l’aspetto,
Faccio del silenzio una profezia,
Una curva lungo la quale lei verrà,
Una marea che ha attraversato lune
E, onda su onda, approda sulla spiaggia.
Querida Manuela, Obrigada por mais uma sensível e bela tradução!
EliminarO Nuno, de certeza que teria muito orgulho pelo seu trabalho e do apreço que tem pela poesia dele.
Um forte abraço
Elisabete