domingo, 12 de outubro de 2014

Pressa


Com que pressa comecei então
A sair de toda a parte,
A extinguir, um por um,
Todos os meus amigos.
Agora, não tenho ninguém
Senão os meus mortos,
Que me trazem a sua lenta solidão.
Toda a memória se satura
Com imagens tuas –
O modo veloz como viravas costas –
E sucumbe ainda à tua pressa abrasiva
Que calcinou todos os nossos segredos.
Mas já não há pressa:
Qualquer tempo, todo o tempo,
É inútil recuperar

A vida que perdemos.





                                                Nuno Rocha Morais

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