sábado, 22 de outubro de 2022

 Ela escondia-o tão bem em si,

Sem mãos e sem lábios,

Em ruas sem nome, portas sem número,

Que o rosto dele dispersou como pó

E é uma impossibilidade;

Ela escondia-o tão bem em si,

A ponto de a carne dele ser uma mentira

Que o corpo não bastava para desmentir.

Agora, atingido este conforto,

Verdade alguma o pode encontrar

E tudo acaba bem, com ela a esquecer

Que alguma vez o escondeu,

E ele mesmo esquecido de si.


Nuno Rocha Morais

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