sábado, 10 de julho de 2021

Também isso se aprende, não ser uma pessoa,

Ser apenas um rosto e um nome

Poucas vezes usado, cada vez menos,

Até que entre si os sons perdem os sentidos

E o nome se desagrega e se extingue.

O rosto, esse desvanece-se,

As feições desaparecem no vazio.

Não faz falta, era desnecessário,

Se isto se pode dizer de um rosto, de um nome,

Se é que a ausência deste rosto, deste nome,

Não serão para sempre a brecha

Impossível de colmatar,

O dedo que já não está no dique.

Não era só um rosto, não era só um nome.

 
Nuno Rocha Morais

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