Não
morras mais por mim.
Liberta-te
do mármore, da madeira,
Dos
silêncios dos templos
Esquecendo
que és fruto divino, Cristo, salva-me.
Não
mais te deixes crucificar,
Deixa
que os homens mesmo se crucifiquem:
Só
assim eles aprenderão.
Deixa,
Cristo, que nós saibamos mais do que metáfora
Os
pregos devorando a carne,
Deixa
que ouçamos a alma gritar contra nós
“Porque
me abandonaste?”
Deixa
que exactamente aprendamos, Cristo
O
Gólgota que dentro de nós dorme,
Deixa
que as lágrimas devorem os olhos –
A
guerra no Monte das Oliveiras,
Deixa,
Cristo, que nos reneguem,
Que
nos dêem a beber o fel,
Deixa
que saibamos o peso da cruz,
O
peso das lágrimas de Madalena,
Deixa,
Cristo, que aprendamos tudo por nós.
Só assim teremos merecido a alegria da morte.
Só assim teremos merecido a alegria da morte.
Nuno Rocha Morais
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