A verdade é que prefiro
não saber,
Sentir pode ser a pior
das ingerências.
Prefiro fazer-me
escasso,
Não comparecer,
calar-me,
Estar apenas por
engano,
Ser ignorado, embora
custe.
Também eu não pergunto,
Muito menos falo comigo
próprio,
Ignoro-me, prefiro gatos
e plantas.
O silêncio absorve a
perda
Para que eu não seja
absorvido por ela.
Saio de manhã, está
sol,
Não tento o contacto,
nenhum contacto,
Ou a manhã fugirá,
espantada,
Como apenas mais um dos
seus muitos pássaros.
Diria que a terra se
sente vazia,
Passada a obsessão de
florir,
De multiplicar, a sede
perpétua
De desmesura. Talvez
assine os corações.
Disseste que o teu
tinha muitos quartos
E deduzo que o amor por
mim
Seja apenas mais um hóspede,
Mas um amor nunca é
apenas
Mais um hóspede.
Nuno Rocha Morais
Sem comentários:
Enviar um comentário