Da doçura na boca.
O fim último da terra
É a criação desta espécie
de anjo
Que voga na boca
Anunciando o seu amor,
Um amor tão diverso
Em intensidade, tom,
Cor, forma, mas o mesmo
amor
Reconhecível no sabor
de cada fruto.
A cada fruto sei que
terra piso,
O solo, o peso e a
intensidade do sol
Que sobre ela houve em
cada dia
Como a doçura destes
frutos
Sempre soube de mim,
Embora nada soubesse de
consciência.
E entrego-me ao
crescendo de doçura
Da maçã, da cereja, do
figo,
E sei que reconhecer
esta doçura
É saber que estes
frutos me conhecem,
Que nada há em mim que
não esteja neles.
Nuno Rocha Morais
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