sábado, 30 de agosto de 2025


A noite fugindo pela saudade dentro,
A saudade entrando pelo teu rosto,

Luz insone e constante

Que narra a tua memória.

 

Por onde se desperta,

Onde é que a folhagem do sono acaba,

Vencer este sono sonâmbulo

Que és tu, apenas tu?

 

Tu não és o tanto – és o tudo

E nunca o tudo poderá ser tanto como tu,

Farol narrando o rumo na bruma,

Tu serás sempre o chamamento do fim.

 

Dividido, soltando sonhos na deriva do ar

Deixo cair a cabeça no incerto amplexo do sono. 


Nuno Rocha Morais

sábado, 23 de agosto de 2025

Destino


O centro do sol

Oferece-nos vogais.

Pelo espaço oscilam

Linhas invisíveis.

Daquela que seguirmos

Herdaremos um dia. 


Nuno Rocha Morais

sábado, 16 de agosto de 2025


 Fome árida, 

Queimadas as encostas

Por onde a cor descia

Em amplas jazidas,

Desertas as vilas,

Ébrias de vazio,

Pacientes, insidiosas

Memória nómada no pó,

A lei do silêncio,

Um silêncio que arde na paisagem

Como choro contido,

Rios que morrem em charcos,

Lentamente reduzidos a areia,

Um cansaço que calcina todo o céu –

Decido – Emigro de mim.

Além dos montes está

O longe de ser já outro.


Nuno Rocha Morais

domingo, 10 de agosto de 2025

Fotografia


 A distância do diagrama

Torna plenas, próximas

As coisas,

Todas estas formas de silêncio:

A pedra, a gaivota, o rio,

A rua, o mar.

É esse silêncio que urge ouvir

E compreender.


Nuno Rocha Morais 

sábado, 2 de agosto de 2025

  

Não: descansa.

Não mais amargura.

Dissolveu-se a imagem do velho

Que junta à fonte o seu choro

Jovem poderosamente.

 

Cada vez que a tua mão

Desenhar o meu rosto,

Há - de haver uma palavra, um verso,

Lugar de cantar, não de fugir,

Lugar de me perder para me encontrar

Em novo espanto.

 

Não: descansa.

 

 

Nuno Rocha Morais

Outrora, quando o tempo Às vezes ainda era a coincidência Do sonho e da realidade, Acreditava-se que o homem poderia Ser fiel, mas como, Se ...