Também eu sei muita coisa
Que sedimenta na idade e na voz,
Coisas inúteis de que o tempo se desinteressa,
Saber do passado convocado
Nessas páginas de um sono,
Uma inércia.
Vou aprendendo tanta coisa inútil,
Vou abrindo gaveta após gaveta
E esses baús ciosamente velados
Por pó e treva.
Afinal eu só sei aprender,
Eu só sei saber,
Afinal tudo o que faço é para saber,
Os dias sopram para serem sabidos,
Tudo em si é uma ciência mínima,
Murmura, inapreensível de tão mínima,
Mas saber afinal.
Quanto mais aprendo desta vida,
Inutilidades, minúcias, pormenores,
Quanto mais aprendo a viver
Mais morto me sei.
A minha vida é aprender a morte.
Nuno Rocha Morais
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